DATA

30 Julho 2021

HORA

21:30 – 22:30

LOCAL

Castelo | Celorico da Beira

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"Auto da Barca da Glória"

AS BARCAS DE GIL VICENTE NOS CASTELOS

Música original: Fernando Lapa

Encomenda do Centro Cultural de Belém para Dias da Música 2018

Adaptação de textos: Fernando Lapa e Sara Barros Leitão

Recriação: Mário João Alves e Ângela Marques

Ângela Marques, actriz

Mário João Alves, tenor e actor

Toy Ensemble

  • Ricardo Alves, clarinete e clarinete baixo
  • João Moreira, clarinete
  • Jed Barahal, violoncelo
  • Christina Margotto, piano
  • David Lloyd, viola e violino
  • Magna Ferreira, voz e percussão

Sinopse

OS AUTOS DAS BARCAS DE GIL VICENTE por Sara Barros Leitão

O enfoque particular desta proposta consiste na convocação da música para o território da cena, participando activamente no desenho de cada momento, assumindo-se como o veículo condutor do espectáculo. Deste modo, o texto, a palavra falada, os actores e o teatro surgem como intrusos, tornando-se elementos disruptivos da dramaturgia sonora: provocando-a e potenciando-a.

O presente desafio consiste em encontrar outros recursos que não os de um palco convencional, outras formas de exprimir as linhas de força do texto, o diálogo entre o verbo e a composição sonora, e o despojamento cénico de uma obra conhecida pela riqueza de adereços, pormenores e espaço visual. Se são normalmente os actores os condutores e principais protagonistas da acção, esta leitura desafia os músicos a assumirem o mesmo papel: tanto na intervenção cantada de algumas partes do texto, quanto e sobretudo no desenvolvimento musical de tudo o que amplia palavras ou movimentos. Aqui os instrumentistas também são actores, com diversas marcações no espaço de cena. Mas não serão menos actores, quando com os seus instrumentos ou vozes ampliam as ressonâncias de uma fala, ou quando permanecem na sombra, por detrás do texto, mantendo imperceptivelmente a cor de um momento ou a tensão de um ambiente.

É uma proposta que dilui hierarquias, não tratando nenhuma arte como menor, e que encontra um pretexto para abrir possibilidades e acepções de o que é concerto, o que é teatro, o que é música, e o que é palavra, provando que todos podem habitar o mesmo espaço, ou – neste caso – a mesma sala.

SOBRE O AUTO DA BARCA DA GLÓRIA

O “Auto da Barca da Glória”, último deste tríptico, o único que foi escrito em Castelhano e que, por isso, se distingue sonoramente dos anteriores. Atribui-se a sua primeira apresentação a 1519, onde Leonor de Áustria terá sido espectadora. Por essa razão, “as dignidades altas e os Anjos, mas também o Diabo e a Morte, falam a língua da nova rainha”, como escreve Ernestina Carrilho. Terá sido apresentada por ocasião da semana santa, e apesar de não parecer ser um auto muito adequado à realidade litúrgica, todos localizam a sua representação nos dias de redenção. Acontecimento que, curiosamente, se irá repetir na apresentação deste espectáculo numa tarde de domingo, não muito longe da Páscoa, sob o mote: Castigos, Pecados e Graças Divinas.

Glória é um desfile de figuras em que se apresentam almas depois da morte, sendo que a Morte, desta vez, ganha um corpo vivo. “Cada uma das altas dignidades entra em cena pela sua mão, ao ritmo de um movimento de ir e vir, uma imagem teatralizada da Morte como inexorável ceifeira de vidas”, que inspira o ritmo do espectáculo. Organizado de forma estilizada, faz suceder personagens da área do poder, numa sucessão hierárquica. A sugestão é de movimentos direcionais ascendentes, enfatizando a progressão em crescendo. Será curioso explorar as possibilidades de um texto em castelhano traduzido em música e na barca que mais referências tinha em si encerrada elementos cénicos, ser forçada a um jogo que privilegia a economia de recursos físicos.

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